mão de médico com cannabis medicinal

O Brasil ainda enfrenta muitas dificuldades ao lidar com o tema “Cannabis medicinal”, principalmente devido aos preconceitos e à imagem negativa associada à planta.

Mas apesar disso, a Cannabis é reconhecida há séculos por suas propriedades medicinais e, atualmente, o debate em torno dela está em pauta na medicina global. No Brasil, não estamos à margem desse diálogo que oferece soluções terapêuticas para diversas condições.

Em que estágio está o cenário da Cannabis medicinal no brasil?

A Cannabis representa uma grande oportunidade para o segmento healthcare, especialmente considerando o cenário brasileiro, que está caminhando para superar 1 bilhão de reais em receitas ainda este ano, somente com produtos a base de Cannabis, conforme dados do 2º Anuário da Cannabis medicinal no Brasil, divulgado pela Kaya Mind.

Atualmente, a Anvisa já aprovou 25 produtos de Cannabis com base na RDC nº 327/2019. Além do mercado interno, milhares de outros produtos estão sendo importados diretamente pelos pacientes. Assim, percebe-se uma considerável margem de crescimento para esse negócio.

Outro ponto relevante a ser considerado é a demanda gerada com a abertura para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Isto é, com a aprovação de leis estaduais, como em São Paulo, e a possibilidade de inclusão da Cannabis no SUS federal, haverá uma base de pacientes significativa para esses produtos.

Além disso, os medicamentos à base de Cannabis podem ser aplicados também para uso veterinário, o que amplia ainda mais o alcance, já promissor, da Cannabis Medicinal.

Prescritores de Cannabis medicinal no Brasil:

Para enriquecer o debate, é necessário refletir sobre os profissionais responsáveis pela prescrição desses produtos.

De maneira geral, a classe médica tem pouco contato com produtos à base de Cannabis. Os estudos sobre seus benefícios são recentes, exigindo que os profissionais busquem informações por conta própria e livres de preconceitos.

Isso é evidenciado ao analisarmos a distribuição dos prescritores pelo país, concentrados em um número reduzido de municípios. De acordo com dados do 2º Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil 2023, quase ¾ dos municípios do país ainda não contam com um prescritor, o que destaca a necessidade de deslocamento dos pacientes para cidades próximas ou a busca por alternativas online.

Diante disso, percebe-se que o mercado ainda enfrenta um grande obstáculo para a adesão de mais profissionais de saúde, o que atrasa seu desenvolvimento pleno.

E a legislação da cannabis medicinal no Brasil, como anda?

Existem algumas discussões sobre as próximas alterações regulatórias, umas mais maduras do que outras. Por exemplo, a revisão da RDC nº 327/2019, que permite a venda de produtos à base de Cannabis nas farmácias, está entre as mais avançadas e deve mudar já em 2024. A Anvisa já comunicou que a etapa de Análise de Impacto Regulatório (AIR) está em sua fase final. 

Além disso, esses artigos têm experimentado redução de preço e estão ganhando mais relevância para os pacientes. No entanto, os preços continuam altos. Ainda mais devido ao rigoroso controle de qualidade, alta exigência para a obtenção da autorização sanitária e importação do princípio ativo.

Outro ponto relevante será a demanda gerada pelas licitações de remédios à base de Cannabis para o Sistema Único de Saúde (SUS), como já mencionamos, o Estado, exercendo seu poder de compra, torna-se um agente importante de mudanças no mercado.

Conclusão

Estamos diante de uma longa, porém promissora, jornada para a Cannabis medicinal no Brasil. Existindo, assim, muitas oportunidades que se abrem em diversas frentes. Afinal, a cada novo estudo científico, os canabinoides ganham força como moléculas multibenefício, capazes de atuarem em diversos mecanismos do nosso corpo. Com isso, o universo de produtos à base de Cannabis se expande cada vez mais, o que gera novos investimentos, novos estudos, e a descoberta de ainda mais usos, alimentando um ciclo de crescimento, até então, constante.

Porém, é necessário ter cautela. Ainda existem algumas incertezas que impedem o pleno desenvolvimento de um ecossistema saudável para o ciclo de vida dos produtos à base de Cannabis. Discussões no congresso e na agência reguladora estão avançando mas ainda não são conclusivas. Na outra ponta, os prescritores seguem receosos e com pouca informação sobre os benefícios e posologias dos canabinoides. Além disso, muitos pacientes ainda não se sentem confortáveis o suficiente para aceitar a Cannabis como um tratamento sério e seguro.

A Magdala é uma das primeiras agências a trabalhar com produtos derivados da Cannabis no Brasil. Por isso, acompanhamos de perto o desenvolvimento desse mercado e a evolução da discussão sobre o uso medicinal dos canabinoides no país. Se você possui alguma dúvida sobre esse tema, ou precisa de ajuda com o seu lançamento ou produto à base de Cannabis, não deixe de conversar com a gente!